Transformar qualquer lugar, inclusive o quarto de hotel, num ambiente de trabalho. É nisso que apostam o hotéis corporativos que, diante do crescimento da tendência de home office decorrente da pandemia, têm investido em atrair hóspedes oferecendo a oportunidade de aliar trabalho e descanso em uma estrutura única.
Esse tipo de oferta tem sido chamado de anywhere office por empreendimentos que acreditam na tendência e, segundo executivos do setor, será cada vez mais importante na missão de rentabilizar os meios de hospedagem de perfil corporativo.
ECONOMIA CRIATIVA
Para Orlando de Souza, presidente executivo do Fohb – que une empreendimentos de perfil business e ligados a redes em todo o País -, além de uma tendência para hotéis que precisam ampliar o cardápio de serviços oferecidos, o anywhere office está em linha com outro conceito bem atual: a economia criativa.
“Não à toa a hotelaria faz parte da tal economia criativa. Hotéis se tornaram espaços de trabalho e também entretenimento. Se inicialmente atendiam quase que exclusivamente turistas, hoje se tornaram espaços públicos com serviços para toda a população”, argumenta o executivo. “A pandemia não trouxe nada de novo, apenas acelerou transformações pelas quais todos esperávamos”, completa.
De acordo com Souza, os investidores hoteleiros brasileiros não recuaram, mesmo diante da crise gerada pela pandemia, e já enxergam um horizonte mais otimista com algumas mudanças inevitáveis no mercado.
APLICAÇÃO
Quem já aplicou o conceito anywhere office na prática confirma que a mudança veio para ficar. O CEO Accor América do Sul, Thomas Dubaere, comenta que os empreendimentos da marca que apresentam um perfil mais corporativo de fato aceleraram alguns movimentos graças ao fator pandemia.
“Muitas empresas aderiram ao home office e essa é uma tendência que veio para ficar, pois aprendemos que, por meio da tecnologia, é possível fazer reuniões e ter uma boa produtividade”, contextualiza o executivo. “Dessa maneira, tendo uma boa conexão de internet e estrutura, as pessoas podem trabalhar de qualquer lugar. E os hotéis são ótimas opções para isso, pois contam com toda a estrutura e segurança necessárias. Em um hotel, por exemplo, ao ter um metro quadrado vazio, é possível transformar este espaço em um coworking”, completa lembrando de um projeto já lançado pela empresa.
“É o que fizemos na Accor com a nossa marca WOJO, que oferta serviços por meio dos quais os clientes têm toda a estrutura necessária para trabalhar, seja em um quarto ou no lobby de um hotel”, aponta.
OPORTUNIDADE
Para o CEO da Atlantica Hotels e presidente do Conselho do Fohb, Eduardo Giestas, esse cenário apresenta aos hotéis corporativos de todo o país uma oportunidade. “Prever a queda das viagens de negócios sob a ótica da acessibilidade das plataformas de comunicação e novas tecnologias é um erro. Obviamente que ela em muito altera o cenário, como grande catalizadora. Certamente a “hibridade” veio para ficar e melhorar a forma como trabalhamos e nos relacionamos. O Turismo de negócios está se reinventando”, aponta.
“Jargões como o ‘bleisure’, ‘anywhere office’ e o ‘room office’ indicam novas tendências de um segmento muito promissor. Cultura organizacional e confiança não se constroem em encontros virtuais. O universo corporativo está ávido em voltar a uma ‘nova normalidade’ onde as relações pessoais e os contatos presenciais têm muito valor. Devemos, sim, nos preparar para uma retomada com eventos híbridos e hóspedes com expectativas renovadas, estadias mais longas mesclando lazer e negócios”, sustenta Giestas.