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Rio vai flexibilizar medidas contra a Covid, mas só para vacinados

O Rio de Janeiro terá uma fase de flexibilização das medidas contra a Covid apenas para vacinados.

Ao Blog, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou que essa “liberação condicional” vai constar de um “pacote de incentivos” a ser lançado em setembro para que os cariocas não deixem de se vacinar.

A ideia é abrir boates e permitir festas e pistas de dança em eventos, mas apenas quem comprovar ter concluído o ciclo das vacinas poderá comparecer. A mesma regra valerá para o público em jogos de futebol e para demais atividades em locais fechados.

A princípio, o carioca poderá apresentar o certificado digital de vacinação pelo app do ConecteSUS.

Um método semelhante será adotado em Nova York (EUA). Nesta terça-feira (3), o prefeito Bill de Blasio anunciou que vai passar a exigir comprovante de vacinação contra a Covid-19 para pessoas que queiram comer em restaurantes, fazer atividades físicas ou frequentar lugares fechados, como cinemas e teatros.

Soranz explicou que a prefeitura ainda está acertando detalhes desse pacote. A busca ativa por faltosos continua.

Essa etapa da flexibilização já tinha sido prevista com a atualização no cronograma da vacinação. A previsão é que até o dia 18 todos os cariocas adultos tomem a primeira dose — ou a única, no caso da Janssen.

Fase de reabertura no RIo — Foto: Reprodução
Fase de reabertura no RIo — Foto: Reprodução

Veja como será a liberação

2 de setembro:

  • liberação de eventos em ambientes abertos;
  • estádios: 50% do público com vacinação completa;
  • boates, casas de shows e festas em áreas fechadas: 50% do público também vacinados com 1ª e segunda dose.

17 de outubro:

  • estádios: 100% do público com vacinação completa;
  • boates, casas de shows e festas em áreas fechadas: 100% do público com vacinação completa.

Os eventos terão checagem de situação vacinal das pessoas, com o aplicativo Connect SUS, do Ministério da Saúde, segundo o secretário de Saúde, Daniel Soranz. Quem não tiver sido vacinado, será barrado.

15 de novembro:

  • uso de máscara obrigatório só no transporte público e em unidades de saúde;
  • livre circulação, sem restrição de capacidade e distanciamento.

Lançamento com festa

Segundo o prefeito Eduardo Paes, a reabertura será acompanhada de uma celebração de quatro dias, entre 2 e 5 de setembro, em toda a cidade. A prefeitura prevê:

  • fechamento de ruas para o trânsito;
  • eventos em pólos gastronômicos;
  • DJs em pontos da orla;
  • iluminações e projeções;
  • apresentações musicais;
  • ponto facultativo no dia 3 de setembro (sexta-feira);
  • manifestações culturais e artísticas em centenas de pontos com priorização de artistas locais;
  • meia entrada nos principais pontos turísticos da cidade;
  • mapping e orquestra nos Arcos da Lapa;
  • programação especial nas cidades das Artes e do Samba;
  • atividades em todas as vilas olímpicas da cidade;
  • meditação, tai chi chuan e ioga em praças e parques;
  • Taça Renasce Rio: partida comemorativa (“de preferência no Maracanã”, diz Paes) com 50% do público;
  • campeonato de futebol solidário em comunidades;
  • Jogos de Botequim.

O que dizem especialistas

Especialistas viram com cautela as medidas propostas e dizem que o comitê científico não foi consultado. A Secretaria Municipal de Saúde afirmou que só alguns membros foram ouvidos.

Para Roberto Medronho, infectologista e epidemiologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), liberar estádios para 100% a partir de outubro é “muito complicado”.

“O plano proposto pela prefeitura eu considero no minimo uma temeridade. Nós temos agora a variante delta no nosso país, e espalhando inclusive no Rio de Janeiro. Nós temos uma boa cobertura vacinal no município, mas não temos certeza de que a efetividade da vacina seja a mesma do que das cepas anteriores do vírus. Então, a briga, agora, nós podemos ter problemas de aumento da transmissibilidade da doença”, diz o infectologista.

A pneumologista Margareth Dalcomo, da Fiocruz, diz que entende a intenção da prefeitura, mas vê com preocupação as medidas:

“A intenção da prefeitura é a melhor possível no sentido de trazer um pouco de alegria no momento em que passou um ano e meio de muito luta, perda, tristeza, um impacto sobre toda a população, entendo que do ponto de vista de agregar, de fazer algo coletivo agradável sem duvida nenhuma. Alerto que isso tudo tem um risco, um risco que é razoavelmente calculado e um risco que é fora de controle, sem duvida nenhuma.”

“O vírus permanecerá endêmico entre nós por muito tempo, de modo que eu manteria cuidados. Alertaria a opinião pública para que tivesse muito cuidado com aglomerações, cuidado com lavagem, cuidados pessoais e coletivos ainda por todo o ano de 2021, seguramente”, disse Dalcomo.

A especialista lembrou que a variante delta da Covid já está circulando mas, embora tenha melhorado o ritmo de vacinação, a dinâmica de imunização ainda está longe de uma situação de cobertura (vacinal), que ela afirma ser de 80% da população vacinada.

“Seria aquele [percentual] que eu, particularmente, consideraria confortável para que procedêssemos a algumas aberturas”, opinou Dalcomo.

A pneumologista reforçou a recomendação de uso de máscara. Segundo ela, o uso do item é fundamental sobretudo em ambientes fechados, e não só em estabelecimentos de saúde – como hospitais, UPAs etc.

“Olha o que aconteceu com países que liberaram… Já voltaram atrás por força da transmissão de cepas muito contagiantes, como nós sabemos. (…) Eu não liberaria de modo algum o uso de máscara em qualquer ambiente, a não ser em ambiente ao ar livre”, alertou Dalcomo.

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