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Rio de Janeiro terá maior polo pesqueiro do país

Após mais de 30 anos de luta por um lugar que pudesse chamar de ‘seu’, o pescador Maurício Teixeira, de 45 anos, já consegue imaginar como será encostar o barco às margens da Baía de Guanabara para descarregar o peixe recém-pescado. Na profissão desde os 14 anos, ele faz planos para o Polo Náutico Pesqueiro, projeto do governo estadual que será instalado na Zona Portuária do Rio e se tornará o maior do Brasil. A área de 135 mil m² no Caju, onde no passado funcionou o estaleiro Caneco, foi arrematada em leilão e se tornou patrimônio do Estado do Rio.

“Trabalho desde os 14 anos como pescador. Quando soube do polo pesqueiro, me enchi de esperança. Já começo a sonhar com tudo que pode acontecer e me imagino encostando aqui, descarregando meu peixe. Hoje, o Rio de Janeiro não tem um local ideal para descarregar o pescado. Há três anos eu levo o peixe para Santa Catarina por conta disso. É uma logística cara e longa, que dura cerca de 6 dias, sem falar na perda de qualidade do pescado”, afirma o pescador.

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais (Sedeeri) elabora o projeto junto com os diversos setores envolvidos. O empreendimento abrigará áreas para atracar embarcações, armazenagem de produtos, pregão e comercialização do pescado, fabricação e armazenagem de gelo, estacionamento e área de manobra de caminhões, oficinas de barcos, e atracadouro das embarcações de pesquisas das universidades, dentre outras facilidades. A previsão é que a comercialização de pescado tenha início em 2023.

A ideia do polo pesqueiro veio de uma demanda dos pescadores e de todo o segmento desde que o entreposto da Praça XV foi fechado, há cerca de 30 anos. A maior parte foi para a Ceasa, que não é o lugar ideal para que o setor se desenvolva. O projeto do complexo pesqueiro, que será o maior do Brasil, está em andamento. Embora atenda todo o segmento, tem como foco principal o pescador.

De acordo com o Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Saperj) e o Sindicato da Indústria do Pescado do Estado do Rio de Janeiro (Siperj), para o início imediato das operações simples de descarregamento e transporte do pescado, a estimativa é de que 10 embarcações atraquem simultaneamente, movimentando, no mínimo, 100 toneladas por dia.

“Esse polo é uma conquista que esperamos por mais de 30 anos. Vai agregar muito e acabar com a descentralização do setor pesqueiro. Os pescadores podem vislumbrar agora um futuro melhor, uma casa própria e um potencial de compra muito maior” – disse Edneia Costa Santos, do Saperj.

Recuperação do setor
Para o setor pesqueiro, a implantação do polo representa o início do processo de recuperação do segmento. Além de atrair indústrias beneficiadoras, proporcionando melhor qualidade para o produto final, irá gerar empregos e renda para a população fluminense. A centralização do desembarque do pescado também atenderá todas as necessidades logísticas da classe, permitindo uma melhoria de gestão.

É uma área estratégica do ponto de vista da logística, pois fica perto do aeroporto e das principais vias do Rio de Janeiro. O objetivo é melhorar o ambiente de negócios e atrair empresas para o Rio, oferecendo melhor estrutura para o pescador e os pregoeiros.

Apesar do alto potencial e da importância do setor, a falta de um terminal pesqueiro, nos últimos 30 anos, e a desativação do entreposto da Praça XV, fizeram o Rio perder empresas do segmento, que migraram para outros estados, e a competitividade. Para Sérgio Ramalho, presidente do Sindicato da Indústria do Pescado, o novo polo pesqueiro é uma conquista que deve colocar o Rio de Janeiro novamente no primeiro lugar.

“Perdemos muitas empresas que estavam aqui desde a desarticulação do setor pesqueiro. Há 30 anos, eram mais de 20 empresas e, hoje, temos apenas uma. Esse polo é fundamental para desenvolver o segmento e trazer o Rio de Janeiro para a primeira posição no ranking da produção do pescado, voltando a ser uma referência no setor .”

Pensando na qualificação da mão de obra, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico assinou ainda uma parceria com o Cluster Tecnológico Naval para a promoção de cursos de capacitação profissional para moradores de comunidades do entorno da área do polo. A ideia é formar mão de obra especializada no mercado pesqueiro e economia do mar, para ser aproveitada no próprio complexo.

Os próximos passos do projeto serão a realização de estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, elaboração do modelo de negócios do empreendimento e pedidos de licenciamento ambiental do local.

Polo Náutico
O projeto está, inicialmente, dividido em três áreas. A chamada área 1, de aproximadamente 60.700 m², concentrará a parte administrativa, o tratamento dos resíduos sólidos, atracação de embarcações, beneficiamento e armazenagem de produtos, pregão e comercialização do pescado. Ali também ficarão a fabricação e armazenagem de gelo.

A área 2, de cerca de 82.300 m², será ocupada por centros de formação de mão de obra, oficinas de barcos, atracadouros de barcos, postos de atendimento médico e de abastecimento de combustível. Já a área 3, com 17.800 m², tem a previsão de ser ocupada pelo Núcleo da Universidade do Mar-Uerj, um shopping do mar e um polo turístico da Baía de Guanabara.

Fonte: O Dia

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