Diárias incluem três refeições, quartos com TV e sinal de internet.
Quartos de hotéis no Rio de Janeiro foram reservados para receber idosos que vivem em comunidades carentes. A medida é para protegê-los do novo coronavírus. Mas a procura não está como o esperado.
“Eu moro no Vidigal há 70 anos. Eu cheguei com cinco anos de idade. Então, eu passei por muita coisa lá”. Mas quando falaram sobre isso eu disse: ‘eu vou sim’”. Seu Francisco é morador de uma das favelas do Rio e aceitou sair de casa para se isolar.
A realidade dos idosos que vivem em comunidades cariocas é preocupante. Eles fazem parte do grupo de risco da doença e costumam dividir a casa apertada com muita gente. Às vezes, sem água e sem esgoto.
Durante a pandemia do coronavírus, esses idosos podem ficar de graça em três hotéis da cidade. O projeto começou há uma semana, mas a procura ainda é muito baixa. Das mil vagas oferecidas, apenas 16 foram ocupadas até agora.
Segundo a prefeitura do Rio que é responsável por esse projeto, deixar o ambiente familiar e a rotina são os principais motivos para tanta recusa.
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, fez uma convocação. “Por favor, se você está correndo riscos aí na sua comunidade e foi identificado pelo agente de saúde da família, aceite o convite. Venha para o hotel”.
O idoso é selecionado por um agente de saúde da comunidade. Ele também precisa estar cadastrado no programa Médico da Família – um programa de assistência básica de saúde do município.
Todos os custos da hospedagem ficam com a prefeitura. O idoso terá direito a um quarto só dele – com TV e sinal de internet.
“Nós fizemos uma tarifa social, uma tarifa sem lucro nenhum, de R$ 120 por pessoa. Isso inclui café da manhã, almoço e janta”, diz José Caamaño, vice-presidente do sindicato de hotéis do Rio de Janeiro.
A dona Elizabeth já está no hotel. Ela é hipertensa e sofre de uma doença que ataca as articulações. A vida mudou muito pra quem veio de uma casa sem água encanada. “Muito bem recebida, muito bem tratada”, comenta.
A presidente da Sociedade de Infectologia do Rio de Janeiro, Tânia Vergara, reconhece que é um desafio tirar os idosos de dentro de casa. Mas reforça que é importante convencê-los.
Passar uma temporada num hotel vai salvar vidas.
“É preciso que essa pessoa saia já que dentro da casa dela, ela não pode ter esse isolamento. É uma medida importante e é necessário que as pessoas entendam que isso é para o bem não só dela, mas de toda a nossa população”, comenta.