A solução do problema de segurança passa pela união e envolvimento de toda a sociedade. Essa é a conclusão da 20ª edição do Fórum de Segurança, organizado nesta quarta-feira, dia 28, pelo Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município (HotéisRIO) e pela Associação Comercial e Industrial do Recreio e das Vargens (ACIR). O encontro, no eSuites Hotel Recreio Shopping, reuniu autoridades e especialistas para debater alternativas para o cenário de segurança urbana.
Na abertura, Alfredo Lopes, presidente do HotéisRIO e da ACIR, ressaltou que a violência tem consequências diretas no desenvolvimento econômico de nossa cidade e no bem-estar das famílias. “Todos os segmentos são impactados. Os reflexos são ainda maiores quando a mídia repercute da forma como tem feito. Temos pleiteado junto ao governador um plano estruturado de combate à violência. Afinal, investir em segurança é incentivar o turismo e a economia, significa trabalhar pelo desenvolvimento de nossa comunidade, com geração de postos de trabalho e renda”.
O deputado estadual Claudio Caiado possui opinião semelhante: “Temos que concentrar esforços na questão da segurança, pois ela reflete em todos os setores da sociedade. E não podemos olhar apenas para a Barra, é preciso uma visão mais abrangente, Jacarepaguá é aqui ao lado. Além de nossos constantes pedidos ao governador por medidas que combatam a violência, estamos trabalhando, por exemplo, em um projeto de lei que permita que os bens apreendidos sejam revertidos para as forças de segurança”.
No primeiro painel, o subsecretário de gestão operacional da Polícia Militar, coronel Rogério Lobasso, apresentou a estrutura da corporação e resultados que demonstram a queda nos números de delitos. “Com uso de inteligência e empenho de nossos agentes, reduzimos, por exemplo, o roubo de veículos de 52 mil, em 2018, para 25 mil, em 2022. Os roubos de rua caíram de 130 mil para 52 mil no mesmo período. Mas ainda há muito a fazer: o Rio tem 1.577 comunidades e, infelizmente, muitas delas são dominadas por facções criminosas. Para combatê-las temos que recorrer a equipamentos caros e que só nossa polícia possui, como veículos de transporte blindados e retroescavadeiras e tratores para retirar as barricadas que os marginais colocam para impedir nossa passagem”.
Já o segundo painel contou com a presença da delegada Raissa Maria dos Santos Celes, diretora do 2º Departamento de Policiamento de Área e da delegada Carolina Cavalcante, da Delegacia de Repressão às Organizações Criminosas e Inquéritos Especiais (Draco), que abordaram as ações de inteligência realizadas pela Polícia Civil para combater as milícias. “Acompanhamos diariamente as atividades criminosas, tipo e quantidade. Com base nisso, vamos estipulando as necessidades de cada região, de acordo com estrutura e ações. Segurança é dever do estado, mas é um compromisso da sociedade, que deve nos ajudar com informação”. A delegada Cavalcante fez breve histórico das milícias, que surgiram com o objetivo de fazer proteção territorial, integradas por agentes das forças de segurança, e que hoje exploram transporte alternativo, fornecimento de gás, água, internet e TV a cabo. “Muitas se associaram ao tráfico, chegando até mesmo a arrendar pontos em suas regiões de influência para que os traficantes instalem seus pontos de venda de drogas. Mas com ações de inteligência estamos conseguindo desarticular essas quadrilhas”.
O inspetor geral da Guarda Municipal, José Ricardo Soares da Silva, abordou, em sua palestra, a atuação da força de segurança, que tem como atribuição regularizar e fiscalizar o uso do espaço público. “Nosso foco é lutar contra a desordem urbana. Atuamos no controle de construções irregulares, realizamos patrulhamento, cuidados da segurança no BRT; também estamos presentes em grandes eventos, desde o Carnaval ao Réveillon, combatemos o comércio informal e ferros velhos irregulares”.
No quarto painel, o promotor de justiça do Ministério Público, Márcio Almeida, falou sobre a cultura da violência no Rio de Janeiro e a crise de civilidade e educação pela qual passa a sociedade. “Pelos números aqui apresentados, dos 511 mil acionamentos que a Polícia Militar recebeu em 2022, 53 mil são de lesão corporal e ameaça a mulheres. Isso não pode ser considerado normal. É um drama para a nossa sociedade e para as famílias, sobre o qual precisamos refletir. A prevenção passa pela educação. Cada um de nós deve pensar em como pode ser mais gentil, generoso e educado. Somente assim conseguiremos avanços”.
Fechando o fórum, o comandante do Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Ronaldo de Jesus Maia, fez uma apresentação das ações da corporação na região e abordou a presença em eventos marcantes, como o rompimento da barragem de Brumadinho e as fortes chuvas que atingiram Petrópolis em 2022. E revelou que vem sendo estudada a criação de uma nova unidade. “Seria o 29 GBM, voltado para atender os moradores do Recreio e das Vargens. Desta forma, conseguiremos melhorar ainda mais nossas ações”.