A contratação de profissionais oriundos de outras culturas proporciona novas forma de avaliar situações e resolver problemas. E o Brasil, país reconhecidamente resultado de uma mistura de imigrantes de todo o planeta, não poderia abrir mão dessa rica troca de visões de mundo. É o que hotéis cariocas vêm fazendo, enriquecendo suas equipes e aperfeiçoando o atendimento aos clientes.
A defensora pública da DPRJ (Defensoria Pública do Rio de Janeiro), Gislaine Kepe, conta que o interesse pelo incentivo de inserção de refugiados e imigrantes em nossa sociedade por meio de contratação surgiu a partir do momento em que houve um aumento de solicitações de refúgio em nosso estado nos últimos anos. “Junto com imigrantes do Haiti, que desde 2010 chegaram em grande quantidade, também chegaram congoleses, angolanos e sírios fugindo de perseguições e graves violações de direitos humanos cometidas em seus países. Mais recentemente venezuelanos também vêm vindo para o Rio, escapando da situação calamitosa em que se encontra seu país”.
Kepe explica que todos chegam em condições de vulnerabilidade extrema, que só seria possível melhorar com a oferta de postos de trabalho. “Embora os dois casos – imigrantes e refugiados – não sejam demasiado burocráticos, é verdade que os processos são lentos, principalmente para os solicitantes de refúgio. No entanto, é importante afirmar que enquanto aguarda-se a decisão do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), o solicitante de refúgio está regular no Brasil e pode ser contratado e trabalhar em igualdade de condições com brasileiros, assim como tanto o imigrante quanto o solicitante de refúgio, assim que chega ao Brasil, já possui direito a ter documento de identidade, CPF e CTPS”.
De acordo com a defensora pública, na maioria dos casos essas pessoas chegam apenas com o nível médio escolar, sem qualquer especialização. “Mas eles sempre trazem um novo olhar e formas de fazer as coisas, que podem ser úteis especialmente em áreas que atendem diretamente um público diversificado. Além disso, são determinados a fazerem o melhor!”
O Grupo Arpoador, que inclui os Hotéis Ipanema Inn e Arpoador, é um dos que aposta nesses profissionais. A gerente de Recursos Humanos, Bárbara Rodrigues, afirma que a diversidade sempre foi um dos valores do grupo. “Em nosso processo de recrutamento e seleção, aplicamos os valores do Grupo Arpoador como norte nas entrevistas e dinâmicas. Desta forma, cultivamos um ambiente de valores compartilhados, favorável a todos”. Ela explica que, com os grandes eventos esportivos que o Rio de Janeiro recebeu nos últimos anos, houve um significativo fluxo de trabalhadores vindos de outros países. “Nossa equipe conta no momento com colaboradores oriundos de outros países. Ao todo, nos últimos 10 anos fizemos mais de 50 contratações de indivíduos estrangeiros”.
A determinação em executar um bom trabalho, ressaltada pela defensora pública Gislaine Kepe, também é observada por Rodrigues. “Eles têm imensa vontade de se firmar na sociedade e contribuem para o trabalho em nossos hotéis. Todos chegam com o compromisso de estarem com a documentação regular, assim como prezamos pela regularidade do registro de trabalho. Muitos inclusive já chegam com experiências em nossa área de atuação e estão aptos a desempenhar todas as funções dentro dos hotéis, desde chef executivo a steward, passando por cozinheiros, mensageiros e recepcionistas, entre outros”.
A gerente de RH acredita que a diversidade é um valor. “Os imigrantes e refugiados colaboram para enriquecer nossos times e ambientes por sua troca cultural, pelos conhecimentos que eles trazem na bagagem, como nova cultura, uma visão de mundo com diferenças e similaridades à nossa e que sempre agregam muito.
O domínio de outros idiomas é um diferencial. “Vivenciamos uma cena em que hóspedes franceses se despediram chorando de um colaborador nosso que veio do Togo, porque se conectaram por meio da língua francesa, mas também por conta de um serviço bem prestado”, conta.
